Outro dia li o seguinte cartaz:
Tenho que dizer que discordo totalmente da mensagem acima.
A escola que se quer para todos hoje é bem diferente da escola seletiva do passado (lembrando que as escolas internas do passado, aquelas que serviam a famílias abastadas, assumiam a educação plena dos filhos da elite). Se antes faziam parte de um pré-requisito mínimo alguns princípios de educação (no trato, na fala), há muito, quando a escola se expande a todas as classes e espaços, esses pré-requisitos que partem de um nível social elitizado, não podem mais ser exigidos da mesma forma. Afinal, o que é natural para um grupo pode não o ser para outros tantos.
Dessa forma, a briga entre de quem é esta ou aquela função na educação das crianças tem de acabar, senão vamos sempre jogar para o outro uma ação que não vai ocorrer em momento algum. E a criança, que é o ponto central, ficará no meio disso tudo sem receber aquilo de que mais precisa: educação básica. Em todos os sentidos.
Creio que educação particular e geral cabe a ambas as instituições: família e escola (esta principalmente na figura do professor). Ambas têm de se ajudar, somar forças, se apoiar, se complementar. Só assim atingiremos o objetivo maior que é a formação integral das crianças e jovens.
Acredito ainda que tanto a polarização quanto a discussão de, por exemplo, uma escola sem partido, com essa visão tosca e limitante de que todos no meio seriam de uma linha ideológica panfletada por muitos como execrável, só estão trazendo mais prejuízos para a educação das gerações que estão na escola neste momento. A desvalorização socioeconômica do professor, que já existe há anos em nossa sociedade, agravada com a atual desvalorização moral promovem um ciclo de desgaste real na tríade professor-estudante-família.
Enquanto a família, em conjunto com a sociedade, desbanca a autoridade do professor em sua atuação, o estudante, criança ou adolescente, faz a leitura de que não precisa – ou até nem deve – ouvir tanto assim o que o docente fala na sala de aula. Resultado: os pais acabam, em muitas situações e por variadas ações/reações, negando a seus filhos oportunidades distintas de aprendizagem de valores básicos da educação para a vida em sociedade e, com isso, alimentam-nos com a sementinha do desrespeito e da arrogância, porque o aluno rapidamente infere que aquele que está ali – fazendo, na realidade, um trabalho belo, porém árduo – não é considerado digno de sua atenção.
E o problema atinge em cheio principalmente quem?
A maioria da população; os filhos daqueles que não ganham por mês o que se paga de mensalidade em uma escola de elite. E assim a desigualdade na formação se perpetua. Afinal, a roda gira e gira a sociedade, e quem mais perde são as gerações que não têm a chance de estudar em escolas de elite que superam – ou ignoram – tais discussões e continuam caminhando apesar das esquizofrenias sociais.