“O filme da minha vida” (2017)

Não sou conhecedora da sétima arte. Por isso as resenhas que escrevo dos filmes de que gosto são puramente sentimentais. Os filmes falam comigo e eu passo dias degustando-os em minha mente. Mergulho em mim e deixo o coração e os sentidos da visão, da audição e até a imaginação do tato, do paladar e do olfato se expressarem e me invadirem a ponto de ter de escrever, para por uma ordem nessa deliciosa ebulição.

Selton Mello conseguiu me deixar com o seu “O filme da minha vida” extasiada. Estou assim desde sábado, quando o vi no Kinoplex Leblon. E não foi a história em si que me conquistou totalmente, mas o modo como foi contada, as escolhas feitas na construção das cores, das imagens, dos figurinos. Fiquei totalmente envolvida com as expressões faciais dos atores, as músicas. Ah! Que músicas… Escute-as aqui. Tudo junto transformou o filme numa bela poesia. Até na fumaça do cigarro havia lirismo! E o trem! O que era aquele ir e vir de uma cidade a outra, sobre os trilhos e a fumaça da chaminé? Lindo demais!

Nada foi esquecido! O jeito simplório do povo interiorano. A rudeza dos homens ignorantes que lutam para expressar sentimentos e emoções (as falas do personagem do próprio Selton Mello chegam a ser filosóficas!), a juventude que se pretende rebelde, os meninos adolescentes na louca curiosidade da iniciação sexual e o papel das mulheres, retratadas adequadamente para a época na qual a história se passa. Fica claro que havia mulher pra casar; mulher bonita para desfrutar, mas que não servia pra casar, porque estava a frente do seu tempo exercendo a sua liberdade; mulher só pra usar nas necessidades masculinas.

Talvez, a redenção do machismo no olhar do poeta-diretor venha, para nós, no papel de dois homens. Um, que trai, mas que assume seu erro e cria seus filhos no amor atuante; outro, que esconde, em seu egoísmo(?), um segredo e, mesmo em sua rudeza, não consegue se deitar com uma prostituta porque ama outra mulher (direita, claro!).

Enfim, há sensibilidade, há amor, há muita emoção n’ O filme da minha vida. Vale muito a pena se deixar levar, nos quase 120 minutos, dessa fantasia.

 

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