Nunca havia lido HQ que não fosse voltada para o público infanto-juvenil. Aliás, este ano estou lendo muita coisa que nunca teria conhecido se não estivesse acompanhando alguns Clubes de Leitura. Fun Home: uma tragicomédia em família foi o livro de maio do Leia Mulheres Rio. (E somente agora estou conseguindo escrever!)
No princípio, senti algum estranhamento por pura falta de intimidade com o gênero, mas depois comecei a mergulhar na história biográfica e vivi com a autora-narradora-protagonista um pouco de sua vida e complexidade de (res)sentimentos. Nossa! Quantas culpas, faltas e dores uma pessoa pode carregar?! Que sofrimento!
O que achei incrível no livro é a capacidade de a personagem ligar o que vive a outros autores e obras que está lendo. E são muitas! Tenho certeza de que, se eu tivesse em meu conhecimento de mundo a bagagem de leituras mencionadas, teria viajado em possibilidades e referências intertextuais que me permitiriam uma interação maior com a personagem e com a sua visão de mundo e uma percepção bem mais profunda do que Alison sentia e vivia de fato. Suas dores, suas descobertas, suas dúvidas e barreiras. (A minha lista de livros a ler cresceu… E muito!)
Gostei da leitura. Gera empatia num tema tão caro e difícil, principalmente quando volta a ser tabu e as pessoas se sentem no direito – com o recrudescimento social que estamos vivendo com todo esse conservadorismo latente – de julgar e condenar, sem conhecer as dores e dissabores por que passam os seres humanos.