Pessoas por quem tenho respeito e apreço reproduziram, nesta semana, comparações na corrida política polarizada que me chamam atenção pela falta de percepção do preconceito social que representam. Uma foi sobre o BONÉ CPX, do Complexo do Alemão; a outra diz respeito a um PEDREIRO LADRÃO. Nas duas publicações, as relações são feitas com o candidato Lula, que, no primeiro caso, estaria usando um boné com iniciais de uma facção criminosa e, no segundo, se fazia a pergunta sobre se alguém recontrataria um pedreiro que já tivesse roubado sua casa em obra anterior.
Deixando totalmente de lado a disputa política que estamos vivendo, acho que deveríamos pensar um pouco nos preconceitos que carregamos e reproduzimos.
Quantas pessoas que têm condições de viajar colecionam bonés? Bonés com nomes e siglas, como CPX, NY, Oxford UCLA, Canadá, Mickey Mouse, são objetos de identidade de um local, de uma universidade, de um status…
Infelizmente, porém, para nossa sociedade classista, racista, elitista, em que pobre não pode ir à Disney nem pode expressar orgulho pelo que constrói coletivamente, é muito mais fácil condená-lo ao seu lugar social de marginalizado. Logo, a sigla CPX não se assemelharia a tantas outras siglas grafadas em bonés, como marcas de lembrança e de identidade, mas representaria o lugar que cabe ao pobre favelado: o crime organizado.
Triste e pobre sociedade impedida até de sonhar!
Na mesma linha de preconceito, se forja a relação com o pedreiro. E aí, aqui, eu volto, em parte, à política partidária polarizada e pergunto: por que não fazer uma analogia, por exemplo, de Alckimin com advogados corruptos? Cito esse candidato a vice porque minha argumentação vai muito além de questões de candidatura política. O que estamos vivendo em nossa sociedade é a proliferação dos mais baixos preconceitos humanos. E é isso que me indigna. Está difícil enxergar uma luzinha no fim do túnel quando metade da população aplaude, confirma e reproduz discriminações dos mais variados tipos sem nem ter vergonha do que está fazendo.
Triste e pobre sociedade afogada em seus preconceitos!
Opa Tati,
O que me tira a esperança é que, aparentemente, essa metade da população que você, tão didaticamente apontou, sempre esteve entre nós! Mas o “super-ego” social não permitia que manifestassem publica e socialmente estes preconceitos e estas posturas abjetas!
O “bolsonarismo”, para além da disputa política partidária, deixou estas pessoas a vontade para mostrarem quem elas realmente são, com suas mesquinhezas, racismos, preconceitos e etc…
Não manjo dos paranauês da psicanálise, mas a minha última esperança é que esta explicitação de nossa sociedade escravocrata, provinciana, inculta, racista, preconceituosa seja parte do processo de cura!
Porque ter essa esperença, como já nos disseram, é uma das nossas armas de luta revolucionária e, neste caso, terapeutica para nos manter sãos…
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