A constatação dos absurdos que estão proliferando ao nosso redor nos últimos tempos me calou. Estou há meses sem conseguir escrever; sem conseguir colocar numa folha o incompreensível que tanto me atormenta.
Tenho visto pessoas defenderem a liberdade, as suas liberdades individuais, com frases prontas e irrefletidas, que me esmagam a alma e me queimam também este verde, o da esperança. Ninguém pensa no dano que pode causar ao outro em nome de uma liberdade pessoal?
Tenho visto pessoas gritarem palavras de ordem em nome de um dito mito, copiando suas falas e seus atos mais repugnantes, quando ele não vale a unha encravada do meu pé.
Tenho visto famílias se desmanchando, se desestruturando por causa de ideologias de exclusão, em nome de uma moral e princípios construídos em terreno arenoso.
Tenho visto a morte fantasiada de vida; o mal mascarado de bem; o individualismo, a hostilidade, a arrogância e o desrespeito travestidos de liberdade, autenticidade, talento e coragem.
Que poço sem fundo é este em que caímos? Que fosso imundo é este que se abriu? Cadê a esperança que ficou presa na Caixa de Pandora?