Em resposta ao direito legal ao aborto na Argentina, o presidente do Brasil afirmou que por ele o aborto nunca será legalizado aqui. Minha reflexão neste momento não vai entrar no mérito do direito ou não ao aborto. Eu quero entender somente qual o real grau de defesa da vida na concepção deste homem. Sim, porque, a meu ver, não há coerência alguma em ser totalmente contra o aborto e, em meio a uma pandemia, agir com tanta irresponsabilidade ignorando a morte.

Na minha humilde compreensão, ao não usar, por exemplo, máscara nas ruas, ao divulgar informações erradas sobre seus benefícios e sobre os benefícios da vacina, ao promover aglomerações em eventos, praias, bares, churrascos e festas e, consequentemente, multiplicar essas ações por seus seguidores e por pessoas menos instruídas que, irrefletidamente, vendo a autoridade máxima nessas ações não se sentem desprotegidas ou erradas, o presidente age em prol da morte, não da vida.

Será que a vida intrauterina é mais valiosa do que as que aqui fora já estão?!

Sinceramente, sejamos críticos e atentos. As pessoas que, por princípios religiosos, são contra o aborto não podem se deixar enredar por discursos politiqueiros. Não usem a falsa leitura de fechar os olhos para um aparente mal menor (a roleta russa passageira da Covid-19) por um dito bem maior (a manutenção da proibição do aborto legal).

Aproveito para fazer uso da frase que muitos homens de bem gostam de gritar contra outra questão de vida e morte: “todas as vidas importam!” Por favor, parem de ser tão seletivos com base em uma moral elástica! Se todas as vidas importam, não frequentem, neste momento, restaurantes, festas, praias e bares por diversão. Não promovam aglomerações. Usem máscara!

Moralismo, individualismo, negacionismo também matam! Principalmente em uma pandemia!