A Inquisição da Idade Mídia

Você já acendeu a sua tocha hoje?

Quem é o escolhido da vez para ser queimado vivo nas redes sociais, ao vivo e em cores, com todo ar de crueldade, baixeza e com o povo, com hashtags inflamadas, gritando: “Queime!”; “Morra!”; “Herege!!!”?

Escrevi o meu primeiro texto intitulado A Inquisição da Idade Mídia em 2017. Reli-o agora e me surpreendi. Parece que o escrevi para hoje, para o que estamos vivendo em meio a essa pandemia, durante todo esse desgoverno que nos maltrata e nos assola. E não tinha nem noção ou consciência da atual prática de “cancelamento”. Sinceramente, não sei onde vamos parar. Estou cada vez mais silenciosa, sem vontade de fazer isso aqui que estou fazendo agora: escrever minhas reflexões. Acho que estou perdendo a esperança. Faz meses não publico absolutamente nada em minhas redes sociais. De que adiantaria? Estamos cavando a nossa própria cova. Abrimos mão da discussão de ideias para o puro e simples massacre do outro. Hoje, com a deterioração do conhecimento, do ensino, das universidades, não são mais as ideias que importam para o nosso crescimento, mas a morte do inimigo para a vitória pessoal. Mas a vitória é de quem mesmo? Quem sai ganhando ao final disso tudo? E quem sai perdendo?

Curiosamente acabei de receber uma notícia cujo título diz que, segundo levantamento da ONG Oxfan, o patrimônio dos super-ricos brasileiros aumentou US$ 34 bilhões  (cerca de R$ 177 bilhões hoje) entre março e julho, em meio à pandemia. E os mais pobres? Desempregados, sem ter como ganhar dinheiro algum com o isolamento, com uma merreca de auxílio que nem para todos chega de fato. É assim que a vida segue: para poucos, tudo; para muitos, quase nada.

A pergunta que não quer calar: onde entram os super-ricos nessa cultura Inquisitória da Idade Mídia?

Mas, de toda forma, seguem muito bem alimentados os inflamados de uma classe média os quais se acham sabidos, espertos, esclarecidos… entrando em guerras cujas vítimas serão eles próprios e os menos favorecidos. Estes sentem os efeitos imediatamente; aqueles vão se debatendo e se enganando aqui e acolá, acreditando ser ainda amigo do rei. Não demora muito vão perceber que é uma azeda ilusão… Aí, vão buscar um novo salvador da pátria. Será que alguém consegue lhes dizer que esse “salvador” não existe nem existirá porque política e magia não combinam?

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