Serotonina, Michel Houllebecq

Li “Serotonina” e odiei, mas, acredite, também adorei a oportunidade de conhecê-lo e conhecer esse autor perturbadoramente belo. E louco. E nojento. Acho que Houllebecq ganha um público específico por seus preconceitos e atitudes politicamente incorretas tão explícitas e agressivas, que corroboram o preconceito dos que o admiram. Não é um livro que pegaria pra ler por conta própria, sem uma indicação ou motivo específico.

Pode parecer que estou numa análise completamente sem sentido, mas é que o livro realmente traz o que há de pior do ser humano e, talvez por isso, torna-se instigante. De certo modo, adoro ver coisas que me perturbam e me agridem e que são consideradas desnecessárias ou descartáveis justamente por serem feias, nojentas… ou obscenas. Elas nos fazem sair do lugar comum, porque mexem com o instinto, causam repulsa e levam a uma reflexão interior mais profunda. E é justamente um livro assim que me faz ver o quanto o horrível, o feio e o asqueroso são fundamentais na Arte.

A literatura nos permite ver e até viver coisas inimagináveis em nossas vidas; nos permite conhecer mundos, vidas completamente fora do nosso quadrado e da nossa capacidade de enxergar; e mais, nos permite experienciar sentimentos até então ininteligíveis a nossos sentidos.

Em Serotonina, o narrador apresenta alguns conceitos sobre o amor completamente distorcidos. A visão que ele tem sobre o amor da mulher e o amor do homem; o papel da mulher no casamento; a submissão da mulher na relação… Visão recorrente de muitos (“homens de bem”?!). O autor se torna asqueroso em vários aspectos por parecer defender algumas coisas, mas me parece – é uma suposição com base em leitura única – que ele está acima disso rindo muito de tudo, jogando com as palavras e fazendo uma enorme crítica (esperança minha?!) a tudo isso.

É isso. Relação de amor e ódio é o que resume, para mim, esta leitura e esse autor.

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