Reflexão sobre racismo que fiz em 2016

Gosto de escrever e pensar, ler e reler. A escrita nos permite enxergar nossas percepções sobre o mundo, nossa evolução (ou não) na vida em sociedade.

Vi hoje em minhas lembranças no FB uma situação que vivi e me fez refletir sobre o que é racismo estrutural. Vou deixar aqui registrado em meu blog (no FB está aqui).

Ontem, abracei uma gari negra para pedir desculpas de um incidente ocorrido quando eu tirava uma foto no Pier Mauá. A aproximação dela para pegar sua garrafa de água que estava no chão onde me coloquei para a foto me assustou. Senti em minha pele, na mesma hora, o que é ser excluído da sociedade e condenado a uma visão negativa e depreciativa (ser negro) ou de total invisibilidade (ser gari). Acho que minha reação posterior (abraçá-la de verdade) foi algo tão incomum, que um colega dela veio me parabenizar pelo feito dizendo: “Gostei. Somos todos iguais.”

Esse momento, simplesmente, não sai de minha cabeça. Me traz um misto de alegria (2a reação) e profunda tristeza (1a reação e a situação estabelecida em nossa sociedade). Às vezes, reflito sobre questões desse tipo e chego à conclusão, não sei se acertada ou não, de que a minha primeira reação vem de um preconceito instituído, inerente ao meu ser. Está na história social em que fui criada. A segunda reação, porém, provém de uma consciência social construída, trabalhada, refletida, educada.

Não quero a primeira reação mais em minha vida. Não quero reproduzir preconceitos tão absurdos. Por isso defendo a leitura, o diálogo, a troca constante, a discussão, o debate, a escola com pensamento crítico. Se não fosse essa escola, na qual trabalho há 20 anos e com a qual aprendo mais e mais todos os dias, ainda estaria fadada ao meu mundinho pequeno, estreito, restrito, de uma criação classe média, média-alta, de escola de bairro, majoritariamente branca e meritocrática. Não quero essa visão limitada e limitante para mim! Não queria também encontrar mais esse preconceito inerente de tão inconsciente no discurso de tantas pessoas que conheço, muitas vezes até bem intencionadas em suas vidas. Utopia?! É profundamente triste o que ainda existe.

Um comentário

  1. Bacana Tati. Muitas vezes agimos no automático… O movimento de perceber o preconceito e fazer um movimento, concreto, de descobstruí-lo foi o que ficou.

    Parece bobeira, mas me emocionou… Tô ficando velho 😁

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