O assédio intelectual que vem ocorrendo contra os professores de forma generalizada é, além de desrespeitosa, um acinte à inteligência de qualquer pessoa minimamente letrada. A sensação que tenho é de que as pessoas que replicam títulos como “professores doutrinadores” partem do pressuposto de que só existe um tipo de professor, com uma formação ideológica, uma origem e um objetivo específico: fazer a cabeça das crianças e jovens para uma determinada visão ou verdade. Só essa ideia já se constrói totalmente falha e absurda, visto que nem mesmo dois irmãos criados da mesma forma pensam e veem o mundo, obrigatoriamente, pelo mesmo prisma.

É preciso esclarecer mil vezes que a escola é formada por diversas cabeças pensantes, com opiniões distintas. Trabalho e já trabalhei, nesses 24 anos de profissão, com professores, educadores, psicólogos, orientadores, monitores… com visões distintas, tanto nas questões políticas quanto nas socioeconômicas, religiosas etc.. Em colégio de padre e de freira, em colégio militar, em universidade pública ou privada, em todas as minhas experiências profissionais convivi e convivo com gente de esquerda, de direita, de centro, de extrema-direita ou extrema-esquerda; com heterossexuais, homossexuais, bissexuais…; com gordos, magros; pretos, brancos, pardos…; éticos e não éticos; casados, solteiros, descasados, amigados; brasileiros, estrangeiros; com padres, pastores de inúmeras denominações, umbandistas, espíritas…; militares, civis; sem ensino superior, graduados, mestres, doutores e pós-doutores; com ex-boia-fria que se formou, filho de empregada doméstica que se formou, filho de classe média ou alta que também se formou professor…

São tantas as diferenças, as combinações, as origens e as opiniões, que chega a ser impossível colocar toda essa bela diversidade aqui.

Essa é a maior riqueza da educação escolar: o acesso da criança a uma experiência muito além dos muros de sua casa, sua família, sua igreja, seus valores… É na diversidade que o ser humano cresce e se constitui um ser pensante. Ela é fundamental para a empatia e a sobrevivência nesse gigantesco mundo. Por esse motivo também sou totalmente contra a ideia de Escola Sem Partido e de Educação Domiciliar.