(Leia, ao final, sobre a autoria do texto.)
Um dos muitos argumentos usados pelo atual governo para atacar as universidades públicas é a acusação de que os estudantes das públicas seriam majoritariamente usuários de drogas. Olavo de Carvalho, coach de filosofia da família Bolsonaro que nunca frequentou uma universidade (pública ou privada), disse há alguns meses que “estudante está na universidade só pra fumar maconha e fazer suruba”. Semana passada, quando foi à Comissão e Educação do Senado para falar sobre o corte de verbas na educação, o ministro Abraham Weintraub repetiu esse discurso e defendeu que a polícia deveria entrar nas universidades públicas para combater o consumo de substâncias ilícitas.
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Não pretendemos entrar aqui na discussão sobre a criminalização das drogas e sobre todos os problemas da política de guerra às drogas. Esse tema é complexo e merece uma discussão própria, principalmente após a aprovação do PLC 37/2013, que altera o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Droga e foi aprovado pelo Congresso semana passada por lobby das comunidades terapêuticas (muitas das quais ligadas a igrejas). No entanto, gostaríamos de trazer uma informação relevante: independente da opinião que se tenha sobre as drogas, dizer que seu consumo é maior nas universidades públicas é mentira. Os números mostram o contrário.
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A maior pesquisa existente no Brasil sobre uso de drogas por estudantes universitários foi realizada em 2010 pela Faculdade de Medicina da USP e pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Essa pesquisa entrevistou 12.856 universitários nas 27 capitais do país. Os resultados podem ser vistos na tabela abaixo.
Das 20 drogas pesquisadas, os estudantes das universidades públicas só consomem mais o álcool. 52% dos estudantes de instituições privadas de ensino já consumiram drogas ilícitas, contra apenas 36,5% nas públicas. A cocaína, por exemplo, já foi usada por 8,8% dos estudantes das privadas e por 3,9% nas públicas. Quando se considera apenas o uso nos últimos trinta dias, a participação das privadas é o triplo das públicas: 2,1% a 0,7%.
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O estudo completo está disponível em: http://www.grea.org.br/userfiles/GREA-ILevantamentoNacionalUniversitarios.pdf
A tabela que compara o uso de drogas entre instituições de ensino superior públicas e privadas está na página 62.
Autoria: Recebi o texto acima via whatsaap. Pesquisando na internet, descobri que foi publicado no Facebook na página chamada Movimento Economia Pró-Gente. As imagens disponibilizadas e destaques em negrito foram acrescentadas por mim.
A imagem da publicação foi retirada de https://images.app.goo.gl/SxYHwtk9GX8AywLj7