Conheço uma garota que está na Polícia de Deli. Ela é de nosso vilarejo. Quem a conhecia antes? Eles a teriam casado e ninguém a conheceria. Agora todos a conhecem. Pode perguntar o nome dela para qualquer um no vilarejo. Hoje o pai dela é conhecido pelo nome da filha. Antes a conheciam pelo nome do pai. Veja como a coisa mudou. Ninguém tem uma vida melhor que ela.
A fala acima é de uma das indianas que aparecem no documentário Absorvendo o tabu. O sonho dela é ser policial, principalmente para ter o direito de… não se casar! Parece algo tão estranho em 2019, não é mesmo?
Para quem hoje anda contra a maré das lutas feministas, assistir a esse documentário em curta-metragem é fundamental. Absorvendo o tabu, também traduzido como Período: o estigma da menstruação, nos mostra a situação de desinformação e dependência das mulheres na Índia em pleno século XXI.
Ah, mas na Índia?! O que eu tenho a ver com isso? – podem perguntar algumas mulheres antifeministas ocidentais, mais especificamente brasileiras nessa onda conservadora.
Lembro que antes de sermos povos distintos com culturas distintas, somos todos seres humanos. O que aqui já conquistamos há algum tempo, em outros lugares ainda há uma luta/busca para se conquistar. Há, porém, inúmeras outras questões a que nós ainda não temos direito legal e em outros países já se ganhou. E há, também, muitas outras coisas que a mulher, onde quer que esteja, ainda precisa lutar muito para conquistar. Esse, por enquanto, é o nosso destino: lutar por uma igualdade de direitos, de oportunidades, de salários, de ir e vir, de liberdade.
Absorvendo o tabu é um documentário indiano, de 2018, dirigido por Rayka Zehtabchi. Venceu Oscar-2019 de melhor documentário em curta-metragem. Está disponível no Netflix.
O vídeo abaixo encontrei no YouTube e achei interessante por isso o estou compartilhando.