Amador (2018)

Amateur ou, em português, Amador mostra o lado da exploração não profissional do esporte nos torneios americanos. Embora amador represente aquele que não é profissional, numa segunda leitura – a partir do que se vê no filme – também é possível enxergar aquele que ama o que faz. Amante da prática de basquetebol.

A história é simples: um garoto de 14 anos, Terron Forte (Michael Rainey Jr), fenômeno para a sua idade e com grande potencial para o futuro, é cooptado e usado por um técnico corrupto e ganancioso que promete “mundos e fundos” que, na verdade, não tem como cumprir (nem parece querer).

Terron, apesar de ser um grande jogador, sofre de um transtorno de aprendizagem chamado discalculia, uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade para compreender e manipular números. Ciente desse problema, sua mãe (a meu ver certíssima, ainda mais com a experiência de seu marido, pai de Terron) se preocupa com seu futuro, principalmente porque o esporte é um grande funil e sempre é fundamental ter uma segunda carta na manga.

Embora eu não tenha gostado muito do final – primeiro porque se perdeu na proposta do último jogo, segundo porque a possibilidade de profissionalização representa uma mínima parte da realidade -, a história em si demonstra muito do que vi e do que vivi com a minha filha, atleta de vôlei aqui no Brasil e, depois, nos Estados Unidos.

Vi inúmeras meninas de baixa renda terem seus sonhos cortados de repente e não terem uma outra carta na manga, simplesmente porque foram mal orientadas e apostaram todas as suas fichas em uma coisa só.

Vi outras tantas serem usadas enquanto davam conta do recado nos jogos, mas não foram preparadas para lidarem com as derrotas.

Vi também, mesmo tendo conhecido ótimos técnicos, vários sem escrúpulo algum.

Vi meninas viajarem, viverem nos EUA anos e anos, e depois voltarem sem nada, porque o curso superior feito lá não era compatível com as grades curriculares que temos aqui.

Há muito mais…

O final do filme, para mim, é duplamente triste: Terron abandona os estudos aos 14 anos e o que ocorre de “bom” com ele não representa a grande massa que sonha com o auge do esporte, mas fica nos terríveis e desonestos funis da vida.

Apesar de toda a minha crítica, acho que vale muito a pena ver (é uma produção do Netflix). Principalmente para aqueles americanófilos ou com complexo de vira-lata que acreditam que tudo nos states é melhor e mais certo.

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