População que se declara preta cresce 15% em quatro anos, diz IBGE

A notícia abaixo foi publicada hoje, 24 de novembro de 2017, na Folha de São Paulo. Ela se baseia na última atualização feita nesta data pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Cobtínua).

Os infográficos não vieram juntos com o texto no recorte. Por esse motivo as imagens aparecem em baixa qualidade. Espero que os não assinantes possam acessar os links para a devida visualização.

Segundo a Folha,

A população que se declara preta no país cresceu 14,9% de 2012 a 2016, mostrou a Pnad Contínua, pesquisa domiciliar de abrangência nacional do IBGE, divulgada nesta sexta-feira (24).

A pesquisa é feita por meio de autodeclaração e o IBGE pesquisa sobre cor ou raça e utiliza o termo preta para se referir a raça negra.

Os negros tiveram aumento maior no período do que pardos, que cresceram 6,6% no período mas mantiveram sua condição de maioria na sociedade brasileira. Brancos seguem em trajetória de queda, tendo reduzido seu tamanho em 1,8% no período.

Apesar da alta e de serem majoritários no país, os pardos diminuíram nas regiões mais pobres e cresceram nas áreas mais ricas do Brasil em 2016.

A soma entre os que se declaram pardos e pretos já é maior do que brancos desde 2012. Pardos individualmente como um grupo, contudo, superaram os brancos em 2015. A tendência se manteve em 2016, o último dado disponível.

Do total da população, 46,7% se declararam pardos, alta de 0,6 ponto percentual frente ao ano anterior. Os autodeclarados pretos corresponderam a 8,2% da população, alta de 0,5 ponto percentual. Na outra ponta, brancos somaram 44,2% em 2016, com queda de 1,3 ponto percentual em relação a 2015.

Na abertura pelas grandes regiões do país, verifica-se a redução constante de pardos no Norte e no Nordeste, ainda que mantenham a maioria em termos absoluto, e aumento no Sul, Sudeste, embora sejam minoria. Brancos caem em todas as regiões do país enquanto negros registram alta em todos os locais.

Segundo a gerente da Pnad Continua, Maria Lúcia Vieira, a queda dos pardos no Nordeste e Norte pode estar ligada aos movimentos de reafirmação racial no país. Mais negros estariam se declarando como tal, reduzindo, então, a quantidade de pardos.

As pesquisas raciais no Brasil sempre esbarraram na questão da subnotificação de negros por questões relacionadas a discriminação. Muitas pessoas ainda não se sentem a vontade para se autodeclarar negras. É por isso que nas pesquisas, os negros não correspondam a nem 10% da população, ainda que nas ruas a impressão seja outra.

A cor da pele e a miscigenação acabam favorecendo a autodeclaração dos pardos, explica a técnica do IBGE. Pode ocorrer de uma pessoa de pele negra se autodeclarar parda por ter um dos pais com pele branca, por exemplo.

O IBGE trabalha com autodeclaração e não faz questionamentos quanto às respostas ao questionário da pesquisa pela população.

 

A trajetória de queda dos brancos e crescimento dos pardos em bases absolutas no país é também resultado da miscigenação da população, numa tendência sem volta, explica Vieira.

“O crescimento de pardos é uma tendência que não se reverte mais. As pessoas não deixam de ficar miscigenadas, pelo contrário, a mistura é cada vez mais frequente”, disse.

“Há ainda aumento das pessoas que não se declaravam como negras no passado e agora o fazem. Isso está ligado à forma como a pessoa se enxerga na sociedade. Ainda assim, é difícil determinar a raça da pessoa somente pelo tom de pele. Pode haver quem tem pele mais escura e se declara parda por ter uma mãe branca, por exemplo”, disse.

DADOS

Os pardos no Norte do Brasil representavam por 72,3% da população em 2016, queda de 0,6 ponto percentual frente a 2015. A região é a que concentra maior população parda do país. Já os que se declaram negros cresceram 0,6 ponto percentual na passagem de 2015 para 2016– eram 6,4% e passaram a 7%.

Houve queda da população que se declara branca, de 0,5 ponto percentual —eram 20% em 2015 e passaram a 19,5% em 2016.

No Nordeste, pardos caíram 0,2 ponto percentual– eram 64,9% em 2015 e passaram a 64,7% no ano seguinte. Os pretos representaram 9,9% da população no ano passado, alta de 0,6 ponto percentual frente ao ano anterior. Os brancos caíram 0,6 ponto percentual– eram 25,4% e fecharam 2016 em 24,8%.

Nas regiões ricas do país, pardos avançam se forma mais significativa. O Sul foi onde houve o maior aumento do pardos, de 1,6 ponto percentual na passagem de 2015 para 2016. Eles representavam 17,1% em 2015 e passaram a 18,7% no ano seguinte. É o maior crescimento de um ano para o outro desde o início da série histórica, em 2012.

Negros subiram de 3,6% para 3,8% da população do Sul em 2016. Já os brancos, maioria absoluta na região, recuaram de 78,8% em 2015 para 76,8% em 2016– queda de 2 pontos percentuais, a maior queda da série histórica.

No Centro-Oeste, os pardos cresceram 1 ponto percentual– eram 54,3% em 2015 e passaram a 55,3% em 2016. A região é a única das mais ricas do país que tem predominância de pardos em detrimento de brancos. Negros cresceram 0,5 ponto percentual e atingiram 6,9% em 2016.

Os brancos registraram queda de 1,6 ponto percentual na mesma base de comparação: saíram de 38,6% para 37%.

Na região sudeste, a mais rica do país, pardos cresceram 0,6 ponto percentual e atingiram 37,6% em 2016. Pretos tiveram incremento de 0,4 ponto percentual, com 9% da população que se declarava como tal em 2016.

Os brancos tiveram queda de 1,5 ponto percentual– eram 53,7% em 2015 e passaram a 52,2% no ano seguinte.

 

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