Domingo vimos “Uma mulher fantástica”, drama que já está quase saindo de cartaz (há apenas uma sessão, às 17h30, no Estação NetRio 2, em Botafogo).
Com spoiler…
O filme conta a história de um casal cuja esposa é transexual. Juntos há nove anos, a relação de Marina e Orlando parece bastante firme e apaixonada. Ocorre, no entanto, um imprevisto e Orlando morre repentinamente. A partir de sua morte, conhecemos, na história, alguns parentes dele: ex-mulher, irmão e filho, que agem como se não houvesse existido uma outra vida a dois, uma história, uma construção social.
A apresentação do sentimento de perda, de Marina, a transexual, e da dor que sente é agoniante. Ela é totalmente desrespeitada por aqueles que desejam ignorar a existência “daquele ser abjeto”. Isso fica mais claro ainda com a total invasão do espaço que dividia com seu companheiro e a retirada dos bens materiais pelos familiares, há muito distantes do falecido, física e temporalmente. Até o cachorro, um ser vivo, é, inicialmente, afastado de sua dona e cuidadora.
O filme mostra-nos não só o drama emocional daqueles que são marginalizados pela sociedade – considerados pervertidos, colocados à parte como seres que não devem aparecer (nem no velório do companheiro!) para não causarem vergonha aos demais -, como também apresenta a face das questões legais, que têm a ver com direito de herança, pensão, licença para acompanhar cônjuge doente… A simples cidadania!
Vale muito uma corrida até o cinema!